Apavorado com o esquecimento do aniversário da esposa – um doce de pessoa, exceto quando esquecem o aniversário dela – o marido foi informado que havia uma saída: a internet. Não exatamente, mas a internet tem o milagre das compras online com entrega no mesmo dia. Foi o caso da loja de flores.
Em uma luta contra o tempo que poderia lhe custar a vida (ah, se Suleimani tivesse esperado a carona…), concluiu o pedido no site. Em seu parco romantismo (ou parca inteligência), enviou um cartão sem seu nome.
– Quando eu ligar, será uma surpresa!
Horas depois, preocupado, liga para a esposa. Ela imediatamente lhe pergunta, em ríspido tom de voz:
– Foi você quem mandou isso?
– Isso o que?
– Olha aí a foto no seu celular, desmemoriado!
Instantes se passam.
– Sim, sim. Gostou?
– Quase não recebi.
– Como assim?
– O entregador falou que eram de um tal Oswaldo…
O marido se transformou.
– Como assim, Osvaldo?
– Pois é, Oswaldo.
– Peraí, Osvaldo ou Oswaldo?
– Como assim?
– Osvaldo com “v” ou com “w”?
– Faz diferença? Enlouqueceu?
– Você está se evadindo da pergunta!
– Sei lá se é com “v” ou com “w”?
– Você recebe flores de um cara e nem sabe como escrever o nome dele?
– Espere, eu disse que o entregador é qu…
– Eu aqui, enviando flores, mas você só pensa no Osvaldo, ou Oswaldo…já nem sei…
– Não, espere, você está exag…
– Não acredito que você não checou a grafia do nome…
– Claudio, você teve problemas com sua professora de Português no jardim?
– Osvaldo, Oswaldo…tanto faz…nada mais faz sentido…
– Cláudio, acorda!
– O que foi?
– Estou falando com você, Cláudio!
– Cláudio ou Claudio?
Enfurecida, a esposa desligou o telefone. O divórcio foi negociado uma semana depois por Dione. Ou pela Dione? Já não tenho certeza.